Educação: Como criar uma cultura colaborativa no seu Laboratório de Línguas?

Nenhum aluno de uma disciplina de Línguas deve ser uma “ilha”. É amplamente reconhecida a importância de ter colegas e falantes nativos com quem trabalhar e aprender. À medida que o ensino de idiomas nas escolas e universidades se afasta do formato tradicional de palestras centradas no professor, é vital que os alunos tenham a oportunidade de desenvolver habilidades mais colaborativas.

Isso, não só, os prepara melhor para o ambiente de trabalho moderno, como também (já comprovado) tem um impacto altamente benéfico nos resultados do estudante. Afinal, um dos principais objetivos do ensino de línguas é desenvolver as habilidades do aluno para que ele se torne melhor participante de uma conversa. E, como aponta a pesquisa de Hedge em 2000, isso certamente pode ocorrer em ambientes de aprendizagem colaborativa.

Este artigo de blog analisa os benefícios que as abordagens colaborativas de ensino de idiomas podem trazer para a sua sala de aula e descreve como estas podem ser aplicadas de forma eficaz.

 

O que é a aprendizagem colaborativa no contexto do ensino de idiomas?

À medida que colaboram, os alunos aprendem juntos, abordando os mal-entendidos uns dos outros, esclarecendo equívocos e corrigindo erros. Os alunos do grupo podem trabalhar em tarefas separadas que contribuem para um objetivo comum ou colaborarem juntos numa única tarefa.

Em ambos os casos, as atividades de aprendizagem colaborativa devem sempre concentrar-se em aprender-fazendo. Isto é vital ao aprender um novo idioma, pois a construção da fluência só vem com um maior uso e confiança. De facto, as atividades de colaboração podem fornecer oportunidades únicas e ricas para a educação de idiomas e para a prática da linguagem oral (Kagan, 1995).

Em suma, para ser um utilizador bem-sucedido do idioma, não basta saber. Os alunos precisam de adaptar os seus conhecimentos para criar significado e comunicarem com outra pessoa.

Por que é importante utilizar exercícios de aprendizagem colaborativa na sua sala de aula de idiomas?

Há muitos benefícios em incluir a aprendizagem colaborativa nas suas aulas de Línguas. Nomeadamente, o facto de ser ótima para alunos de segundo idioma, uma vez que priorizam a conversa e concentram-se no desenvolvimento de habilidades de escuta e fala. Além disso, a linguagem é, nesses cenários, usada para um propósito significativo e não apenas para um exercício académico. Isso mapeia diretamente as recomendações de Swain e Lapkin para alunos de idiomas, que foram publicadas pela primeira vez em 1995.

Além disso, os exercícios colaborativos fazem com que os alunos confiem uns nos outros para construir conhecimento e, ao fazê-lo, tornam o processo de aprendizagem mais significativo e interessante. Os alunos também se sentem parte de uma comunidade de aprendizagem, onde todos trabalham em direção aos mesmos objetivos e se apoiam mutuamente para obter o sucesso. Como resultado, os alunos sentem-se ainda mais no controlo das suas jornadas de aprendizagem e ficam mais confiantes e motivados para continuar a aprender.

Essa experiência é intensificada quando estudantes de diferentes níveis académicos são reunidos num grupo. Os alunos agora não são apenas responsáveis pela sua própria aprendizagem, mas também são responsáveis por apoiar e desenvolver os seus colegas. Dessa forma, os estudantes podem ser inspirados a alcançar resultados usando o exemplo de crescimento de amigos e colegas.

A aprendizagem colaborativa também permite que os alunos:

•    Desenvolvam o pensamento de nível superior, comunicação oral, autogestão, liderança e habilidades sociais;
•    Cresçam num ambiente de sala de aula inclusiva;
•    Construam uma autoestima e responsabilidade pessoal;
•    Sejam expostos e aumentem a sua compreensão de diversas perspetivas.

 

Como pode incorporar a aprendizagem colaborativa na sua sala de aula?

No início de uma atividade de aprendizagem colaborativa, a sala de aula e as instruções do professor provavelmente parecerão bastante familiares – o professor fica em frente à turma e fala enquanto os alunos ouvem. No entanto, esta fase de apresentação é vital para definir o cenário e introduzir a tarefa. Isso pode ser tão simples como fazer com que os alunos trabalhem com um parceiro e debatam um tópico no seu idioma-alvo.

Posteriormente, os alunos devem ter tempo suficiente para se envolver totalmente e participar da tarefa. O foco inicial geralmente é o uso preciso do idioma, à medida que o professor passa de grupo para grupo, avaliando o progresso, respondendo a perguntas e incentivando. Onde um bom progresso está a ser feito, os alunos podem ser desafiados até a ir mais longe, combinando o que acabaram de aprender com o que já sabem.

No final de cada atividade (ou grupo de atividades), é aconselhável fazer um rápido briefing para avaliar o progresso. Selecione alguns alunos para partilharem um resumo das suas atividades com a turma. Use outros alunos/grupos para resolver quaisquer questões ou equívocos e, em seguida, dê a todos os alunos a oportunidade de fazerem perguntas e esclarecerem a sua compreensão.

Para atividades baseadas em projetos maiores, pode ser necessário dar aos alunos tempo para estabelecer um plano, funções e regras para trabalharem juntos. Quebra-gelos introdutórios e exercícios de formação de equipa também poderão ser úteis para promover a coesão se os alunos trabalharem juntos por um longo período de tempo.

Também vale a pena considerar os pontos a seguir, caso pretenda começar a usar uma abordagem colaborativa na sua sala de aula:

•    Os alunos precisarão de um incentivo, apoio e prática para tornar a aprendizagem colaborativa eficaz. Não vai acontecer de outra forma!
•    Adaptar a disposição da sala de aula e equipá-la com ferramentas digitais é fundamental para o sucesso desta metodologia, como os ecrãs interativos Wingsys e os produtos Sanako.
•    Há um papel vital para os professores desempenharem na conceção das atividades. Elas precisam de ser planeadas e pensadas como qualquer outra matéria.
•    É necessário pensar cuidadosamente nos grupos a serem criados e nos seus membros. Esse passo deve incluir misturar grupos de amizade e níveis de habilidade. Da mesma forma, certifique-se de que os alunos mais quietos e com menos habilidades têm a oportunidade de contribuir e participar totalmente.
•    Considere cuidadosamente como incorporar elementos competitivos. Isso pode ser motivacional. 

 

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